Decisão do Banco Central gera tensão: Selic em 15% e perguntas sobre política, inflação e fé
A manutenção da Selic em 15% a.a. pelo Banco Central surpreendeu parte do mercado e reacende o debate sobre a autonomia da autoridade monetária frente ao Executivo. A decisão veio acompanhada de um tom firme na Ata do Copom, que afirmou textualmente que “a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”. Para muitos, essa firmeza foi necessária; para outros, uma carga extra sobre famílias e empresas em ano eleitoral.
O que decidiu o Copom e quais são os números
Conforme já era esperado, o Banco Central manteve a Selic meta em 15% a.a.. A justificativa do Copom não se baseou apenas na inflação corrente, mas especialmente na necessidade de ancorar expectativas. Apesar do arrefecimento recente, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 5,53% em abril de 2025 e hoje se encontra em 4,68%.
O comitê ressaltou que as projeções ainda permanecem acima do teto da meta: embora, desde abril de 2025, as projeções do IPCA tenham recuado de 5,65% para 4,55%, esse número continua acima do centro (3%) e do teto da meta (4,5%). Para o Copom, manter a Selic em 15% por período prolongado ajuda a ancorar expectativas e evita que empresários e agentes econômicos reajam prematuramente, elevando preços hoje em função de temores sobre o amanhã.
Por que a Selic em 15% foi tomada como escolha política e técnica
Há três motivos centrais para a postura do Banco Central. Primeiro, o IPCA ainda está acima da meta de 3% e a desaceleração é recente, o que torna arriscado reduzir a disciplina monetária e perder credibilidade acumulada após meses de aperto. Segundo, as expectativas inflacionárias, mesmo em queda, continuam acima do teto, e manter juros altos funciona como sinal para reduzir reajustes de preços agora.
Terceiro, e não menos importante, está o efeito da política fiscal. A Ata e os analistas citam que o arcabouço fiscal não tem sido suficiente para segurar a demanda pública e que o governo federal adotou medidas expansionistas. Como coloca a análise do mercado, “o presidente Lula ligou a máquina do populismo, com ampliação de programas sociais e créditos subsidiados — tudo pela sua reeleição”. Nesse contexto, a política monetária precisa trabalhar em dobro para compensar pressão de demanda gerada por maior gasto público.
Impactos práticos: inflação, emprego e a vida das famílias
Juros elevados têm efeito direto e imediato sobre consumo, crédito e investimento. A manutenção da Selic em 15% reduz a inflação no curto prazo, mas aumenta o custo do crédito, encarece o custo de capital das empresas, eleva risco de inadimplência e desacelera a economia — com reflexos sobre renda e emprego.
Para famílias cristãs que acompanham as notícias, isso significa escolhas mais difíceis no orçamento: financiamento de moradia e carro, cartão de crédito e empréstimos pessoais tendem a ficar mais caros. Para empresários, a consequência é menor investimento e possível demissão. A alternativa estrutural indicada pelos comentaristas é o ajuste fiscal: reduzir gastos para aliviar a pressão inflacionária sem sacrificar juros por muito tempo.
Uma leitura cristã do momento: confiança, prudência e responsabilidade
Como jornalista cristão, é possível oferecer duas chaves bíblicas curtas para interpretar o episódio. A primeira é a importância da confiança na liderança e na verdade dos sinais. Assim como Provérbios adverte sobre planos bem fundamentados, Lucas 14:28 lembra que é prudente contabilizar custos antes de agir. A credibilidade do Banco Central funciona como uma moeda de confiança: se perdida, traz custos elevados no futuro.
A segunda lição é sobre responsabilidade na gestão dos recursos públicos. A Bíblia ensina sobre administração e prestação de contas; políticas fiscais expansionistas em ano eleitoral que elevam a demanda sem ajuste estrutural podem gerar consequências duras para os mais pobres no médio prazo — justamente aqueles que os programas sociais pretendem ajudar.
Em termos práticos, manter a Selic em 15% foi uma decisão que priorizou a ancoragem das expectativas e a credibilidade institucional, mesmo sabendo dos efeitos negativos no curto prazo. É uma escolha que exige do governo federal mais responsabilidade fiscal para que, no futuro, haja espaço para redução de juros sem provocar nova disparada inflacionária.
Por fim, o cenário exige vigilância da sociedade e dos líderes cristãos: orar por sabedoria para os que conduzem a política econômica, e também cobrar medidas que equilibrem justiça social e responsabilidade fiscal. A solução sustentável para inflação e prosperidade passa por alinhar prudência monetária com uma política fiscal responsável, não por soluções populistas de curto prazo.

