O governo americano retirou Alexandre de Moraes e sua família da lista de sancionados pela Lei Magnitsky, um movimento que repercute como sinal de desescalada nas tensões entre Brasil e EUA e levanta dúvidas sobre os motivos e efeitos da decisão.
O que aconteceu
Na sexta-feira, a decisão de excluir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sua esposa Viviane Barci de Moraes e o Lex – Instituto de Estudos Jurídicos da lista de sanções ligadas à Lei Magnitsky foi publicada no site do Tesouro Americano. As agências internacionais noticiaram a medida com foco tanto no conteúdo legal quanto no contexto político que a envolve.
Veículos como o Financial Times lembraram que Moraes foi quem supervisionou o julgamento do ex‑presidente Jair Bolsonaro. A AP, reproduzida pelo Washington Post, também destacou que o ministro liderou o processo que resultou na condenação de Bolsonaro. A Reuters registrou que Donald Trump havia acusado Moraes de usar o Judiciário como arma e de autorizar detenções arbitrárias e supressão da liberdade de expressão — acusações que levaram à inclusão de Moraes na lista em julho.
Contexto político e econômico
A imprensa internacional relacionou a retirada das sanções a um movimento mais amplo de reconciliação entre Washington e Brasília. A Bloomberg apontou que a suspensão de sanções ocorre após Trump aliviar tarifas aplicadas sobre exportações brasileiras — uma ação percebida por analistas como tentativa de reduzir atritos e, em determinados momentos, de pressionar por benefícios ao grupo político ligado a Bolsonaro.
O Financial Times classificou a medida como “o mais recente movimento de Washington para reconstruir pontes com o Brasil” e observou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia rejeitado pressões externas, afirmando não aceitar que o país seja ditado do exterior e que o Judiciário independente fosse respeitado.
Dados e antecedentes
A Lei Magnitsky, aprovada em 2012 durante o governo de Barack Obama, é uma ferramenta que permite aos EUA sancionar estrangeiros acusados de graves violações de direitos humanos e de práticas de corrupção. As sanções contra Alexandre de Moraes foram impostas em julho; Viviane Barci de Moraes e o instituto Lex entraram na lista em setembro. Em setembro, o STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e outros crimes; ele iniciou o cumprimento da pena em novembro.
O anúncio formal da retirada das sanções foi publicado pelo Departamento do Tesouro americano, mas até o momento, os governos dos EUA e do Brasil não fizeram comentários oficiais adicionais além da nota no site.
Reações e sequência
No Brasil, a nota de Eduardo Bolsonaro foi repercutida pela imprensa: ele escreveu no X que “recebemos com pesar a notícia da mais recente decisão anunciada pelo governo dos EUA. Agradecemos o apoio demonstrado pelo presidente Trump ao longo deste processo”. Em novembro, o STF tornou Eduardo Bolsonaro réu por coação no curso do processo, ao acusá‑lo de articular sanções contra autoridades brasileiras para tentar influenciar julgamentos — acusação que ele nega.
Agências estrangeiras sublinharam que a decisão pode ser vista tanto como um gesto diplomático quanto como um cálculo político. Para analistas ouvidos por parte da imprensa, retirar figuras do alcance de sanções externas torna mais fácil o diálogo econômico e político, mas também levanta questionamentos sobre independência institucional e sobre se pressões externas influenciaram decisões nacionais.
O impacto prático tende a ser simbólico no curto prazo — a retirada das sanções retira obstáculos financeiros e reputacionais — e potencialmente facilitadora de reuniões e acordos bilaterais. Ainda assim, a medida não resolve as tensões internas sobre a independência do Judiciário nem as críticas sobre interferências políticas.
Para a opinião pública internacional, a mudança reforça a narrativa de que Washington busca reaproximação com Brasília após um período de atrito que teve momentos de forte exposição na imprensa global.
Como ponto de atenção, movimentos futuros dependerão de declarações formais dos governos e de eventuais respostas judiciais ou diplomáticas dentro do Brasil.
Uma perspectiva de fé: num país e num mundo marcados por polarizações, pedir por sabedoria e justiça ao tratar de instituições e direitos é coerente com a tradição cristã. Como diz a Escritura, “se possível, no que depender de vós, tende paz com todos” (Rm 12:18) — um lembrete breve para que processos e relações bilaterais busquem a verdade e a integridade.
Em resumo, a retirada das sanções da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes e familiares foi noticiada pela imprensa internacional como um gesto com efeitos diplomáticos imediatos, conectado ao afrouxamento de tarifas por parte de Trump e ao desejo de desescalar tensões entre dois aliados comerciais. Resta aguardar posicionamentos oficiais e observar se o gesto se traduzirá em mudanças concretas nas relações entre Estados Unidos e Brasil.

