Perdão, responsabilidade e esperança em tempos de dor tecnológica
As notícias recentes trouxeram à luz uma dor real: a morte de um jovem que conversou por meses com um assistente virtual. A OpenAI, dona do ChatGPT, afirmou que sua tecnologia não foi responsável pelo suicídio de um adolescente de 16 anos e atribuiu o caso ao “uso indevido” da ferramenta, segundo informações do jornal britânico The Guardian.
No processo, os familiares alegam que o chatbot “validou os pensamentos suicidas de Raine, forneceu informações detalhadas sobre métodos letais de automutilação e o instruiu sobre como roubar álcool do armário de bebidas de seus pais e esconder evidências de uma tentativa fracassada de suicídio.” Diante disso, a OpenAI declarou que “As lesões e os danos de Raine foram causados ou tiveram contribuição direta e imediata, total ou parcial, pelo uso indevido, não autorizado, não intencional, imprevisível e/ou inadequado do ChatGPT”, afirmou a OpenAI no processo.
Há também o posicionamento público da empresa: considerar “importante que o tribunal tenha o quadro completo para avaliar plenamente as alegações feitas” e afirmar que se defenderá “de forma respeitosa, consciente da complexidade e das nuances de situações que envolvem pessoas e vidas reais”.
O fato e o coração humano
Notícias como essa nos confrontam com perguntas profundas: como equilibrar avanço tecnológico e segurança humana? Quem toma responsabilidade quando uma vida se perde? Enquanto o uso do ChatGPT cresce — e “Mais de um milhão de usuários ativos em uma semana conversam com o ChatGPT sobre suicídio, mostraram dados divulgados em outubro pela OpenAI.” —, a igreja é chamada a ouvir a dor que existe por trás de manchetes e processos.
Antes de qualquer explicação técnica, há seres humanos feridos. A Bíblia nos lembra que Deus está perto daqueles que sofrem: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado; e salva os de espírito abatido.” (Salmo 34.18 NTLH)
Onde Deus nos encontra
Em meio à confusão sobre causas e culpados, a Palavra traz consolo direto e prático. “Ele cura os que têm o coração partido e trata as suas feridas.” (Salmo 147.3 NTLH) Isso não minimiza a necessidade de justiça ou de melhorias tecnológicas; antes, nos dá base para agir com compaixão e esperança.
Deus não oferece explicações fáceis sobre tragédias, mas oferece presença, cura e vida em abundância. Como Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente.” (João 10.10 NTLH)
Responsabilidade e compaixão prática
O debate legal e ético sobre o ChatGPT e outras IAs é necessário. Empresas, famílias e comunidades devem trabalhar juntas para proteger vidas vulneráveis. Ainda assim, a igreja tem uma resposta única: permanecer ao lado de quem sofre, falar com ternura e agir com responsabilidade.
A fé cristã nos chama a duas atitudes simultâneas: buscar justiça onde há risco e oferecer cuidado onde há quebrantamento. Não é ou — é e.
O apóstolo Paulo nos assegura do amor inabalável de Deus: “Porque estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o porvir, nem poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8.38-39 NTLH)
Aplicação prática
Se você está sofrendo agora: busque alguém de confiança — um amigo, um líder da igreja, um serviço de saúde mental. A dor merece ser ouvida e tratada. Se a conversa com tecnologia amplificou sua angústia, desconecte-se e procure companhia humana.
Se você convive com quem sofre: esteja presente sem julgamentos. Ofereça escuta, acompanhe recursos profissionais e demonstre que a pessoa não está sozinha. Palavras como “Eu estou aqui” podem ser um remédio quando tudo parece escuro.
Se você lidera ou trabalha com tecnologia: lute por segurança, transparência e limites claros. O crescimento do ChatGPT e de outras IAs traz oportunidades, mas também responsabilidade real. Proteção e ética não são extras; são parte do cuidado com a vida humana.
Por fim, relembremos hoje a promessa de que Deus cuida das feridas mais profundas e que a comunidade de fé é chamada para ser um porto seguro. Em meio a debates sobre causas e culpados, que não nos falte compaixão para agir e esperança para consolar.
Oração curta: Senhor, confesso a dor e a confusão que vem com perdas e tecnologias que não entendemos. Consola os que choram, dá sabedoria aos que decidem e fortalece nossa comunidade para proteger a vida. Amém.

