Flávio diz que o pai está “inconformado” com a prisão preventiva e que família teme proibição de levar refeições prescritas
Uma tensão que mistura saúde, fé e política: a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro reacende dúvidas e inquietações sobre cuidados médicos, direitos de visitas e a disputa política por anistia. A família afirma haver restrição para levar refeições feitas conforme prescrição médica, enquanto o ex-presidente estaria “inconformado e indignado” com a prisão preventiva que ocorre em meio à fase de recursos da condenação.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi o primeiro dos três filhos autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a visitar o pai na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Segundo Flávio, Jair Bolsonaro segue se defendendo das acusações que o levaram à prisão no último sábado (22).
Ao deixar a visita, o senador relatou as palavras do pai: “Continua muito indignado e inconformado, a todo momento falando como se tivesse se defendendo ainda dessa perseguição que ele sofreu, [dizendo que] ‘o que eu fiz para estar aqui’, ‘fiz uma transição tranquila de governo após a eleição’. […] Fazendo a defesa dele como sempre de, obviamente, não trabalhou para que houvesse nenhum conjunto ou contexto que pudesse motivar qualquer ato irresponsável”.
Proibição de refeições e preocupação com saúde
Além do posicionamento político, Flávio Bolsonaro destacou uma preocupação imediata de saúde: segundo o senador, houve uma ordem — não identificada por ele — que proibiu a família de levar comida preparada para o ex-presidente, que precisa de alimentação especial por causa do fluxo intestinal e das sequelas de uma cirurgia.
Flávio relatou em trecho direto: “Alguém, não sei de quem partiu a ordem, de proibir que a família trouxesse comida dele que é feita com base na prescrição médica, que ele precisa ter uma alimentação especial por causa do fluxo intestinal e das sequelas da cirurgia. Me soou muito estranho que alguém tivesse dado essa determinação para ir contra a medicação que é prescrita pelos médicos, para evitar intercorrências”. A Gazeta do Povo procurou a Polícia Federal para explicar a suspeita e aguarda retorno.
Contexto jurídico e político
Bolsonaro foi alvo de prisão preventiva por suposto risco de fuga em meio à fase de recursos da condenação de 27 anos e três meses no processo que investiga um alegado golpe de Estado após as eleições de 2022. A ordem de prisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes foi votada na segunda (24) pela Primeira Turma do STF e referendada por unanimidade com os votos de Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.
Flávio também questionou a fundamentação da prisão, que levou em conta a vigília organizada por apoiadores e o suposto risco de fuga por violação da tornozeleira eletrônica. O ministro Moraes chegou a sugerir que o ex-presidente tentaria se refugiar na Embaixada dos Estados Unidos, localizada a cerca de 13 quilômetros do condomínio onde mora, em Brasília, segundo relatos feitos no processo.
Politicamente, o senador afirmou que Bolsonaro pediu a aliados que conversassem com os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), para colocar em pauta o projeto de lei que concede uma anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, medida que poderia beneficiar o ex-presidente e seus aliados. A prisão reacende o debate sobre anistia e as reações do Congresso.
Leitura cristã: justiça, cuidado e oração
Para leitores de fé, o episódio traz dois desafios claros: a busca por justiça e a atenção ao cuidado com os vulneráveis. A Bíblia orienta respeito às autoridades e à prática da justiça; por exemplo, Romanos 13 lembra a necessidade de sujeição às autoridades constituídas, enquanto textos como Salmo 82:3 exortam a defender o fraco e o órfão — princípios que ajudam a interpretar tanto as garantias processuais quanto a atenção à saúde de um detento.
Não se trata de reduzir o caso a uma leitura religiosa, mas de lembrar que decisões judiciais e procedimentos prisionais têm impacto humano concreto: quando há alegações de restrição de alimentação prescrita, a preocupação transcende a disputa política e entra no campo dos direitos à saúde e à dignidade humana.
O que vem a seguir
Com a prisão referendada pela Primeira Turma do STF, o caso seguirá em recursos. Enquanto isso, o episódio deve ampliar a tensão política: a defesa busca reverter medidas e a família articula no Congresso a possível anistia. A Polícia Federal ainda será questionada sobre a alegada proibição de levar refeições; até o momento, não houve resposta pública detalhada.
Num cenário de alta polarização, a combinação de afirmações públicas, decisões judiciais e apelos políticos sinaliza que o caso continuará a dominar agendas e a gerar reações em igrejas e comunidades de fé que acompanham a política à luz das Escrituras.
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