Malásia retoma busca pelo MH370 após 11 anos: Ocean Infinity fará varredura de 15 mil km² por até 55 dias e oferta US$ 70 milhões

Busca pelo MH370 será reiniciada em 30 de dezembro; operação da Ocean Infinity terá 55 dias intermitentes na área de 15 mil km²

A Malásia anunciou que a busca pelo MH370 será retomada em 30 de dezembro, mais de 11 anos após o desaparecimento do Boeing 777 que levava 227 passageiros e 12 tripulantes na rota entre Kuala Lumpur e Pequim.

O que foi anunciado

O Ministério dos Transportes da Malásia informou que a empresa de exploração Ocean Infinity voltará a operar no leito do sul do oceano Índico a partir de 30 de dezembro, em uma campanha de buscas de até 55 dias — de forma intermitente — em uma área de aproximadamente 15 mil km².

Segundo o comunicado oficial, “a busca será realizada em uma área específica avaliada como a de maior probabilidade de localizar a aeronave”. O ministério não divulgou as coordenadas exatas da área alvo.

O acordo prevê que a Malásia pagará à Ocean Infinity US$ 70 milhões caso sejam encontrados destroços substanciais durante a varredura no leito marinho. A empresa já havia participado de buscas anteriores até 2018 sem localizar destroços significativos.

Contexto e histórico do caso

O voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu em março de 2014. Desde então, foram conduzidas várias operações de busca internacionais sem sucesso definitivo. Destroços confirmados ou suspeitos de serem do avião apareceram ao longo da costa da África e em ilhas do oceano Índico, mas nunca foi encontrado um conjunto que permitisse a reconstrução completa do que aconteceu.

Um relatório técnico de 495 páginas publicado em 2018 indicou que os controles do Boeing 777 provavelmente foram manipulados deliberadamente para desviar o avião da rota, mas os investigadores não conseguiram determinar quem seria o responsável, observando que a resposta definitiva depende da localização dos destroços.

As investigações também afirmaram que não havia indícios suspeitos nos antecedentes, finanças, treinamento ou saúde mental do comandante e do copiloto — informação que complica ainda mais a definição de responsabilidades.

Impacto humano, legal e científico

A retomada das buscas reacende a esperança de familiares por respostas e solução judicial. Mais de 150 passageiros chineses estavam a bordo; havia também 50 malaios e cidadãos de França, Austrália, Indonésia, Índia, Estados Unidos, Ucrânia, Canadá e outros países. Familiares continuam exigindo indenização da Malaysia Airlines, da Boeing, da fabricante de motores Rolls‑Royce e de seguradoras como a Allianz.

Encontrar destroços substanciais pode ser decisivo para: estabelecer a sequência de eventos, confirmar hipóteses sobre controle deliberado ou falha técnica, e fornecer provas para processos de indenização. Por isso, a operação tem potencial para alterar significativamente o curso das investigações e das ações judiciais.

Limites e incertezas

Especialistas lembram que buscas em alto mar enfrentam variáveis climáticas e logísticas complexas. A última tentativa antes desta foi suspensa em abril por causa das más condições do mar. A Ocean Infinity afirmou que a operação agora será intermitente por até 55 dias, o que indica que janelas meteorológicas e disponibilidade de equipamentos serão fatores determinantes.

Além disso, a área de 15 mil km² é vasta e, mesmo com tecnologia avançada de sonar e veículos autônomos, localizar destroços num leito oceânico profundo e acidentado continua sendo uma tarefa de alta dificuldade técnica.

Não há garantia de que a nova varredura resulte em achados conclusivos. Mas, por outro lado, qualquer fragmento significativo permitiria retomar linhas de investigação que hoje permanecem sem provas materiais.

Do ponto de vista institucional, a retomada seguirá os termos acordados entre o governo malaio e a empresa contratada; detalhes operacionais e jurídicos permanecem sujeitos aos relatórios que serão produzidos durante e após a busca.

Para muitos familiares, a espera de mais de uma década mescla cansaço e esperança. Nesse sentimento, há também uma dimensão espiritual: familiares e comunidades recorrem à fé como fonte de consolo — uma lembrança discreta do Salmo 34:18, que diz que Deus está “perto dos que têm o coração quebrantado”.

A iniciativa da Malásia e da Ocean Infinity devolve ao caso uma visibilidade internacional imediata e coloca uma nova data no calendário: 30 de dezembro, quando a operação começará. Até lá, permanecem as perguntas sobre alcance, condições e o que, finalmente, poderá ser encontrado no silêncio do fundo do mar.

O que observar nas próximas semanas: comprovação de achados materiais, relatórios técnicos da empresa e do governo, e potenciais desdobramentos legais para companhias e seguradoras ligados ao caso.

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