Corte no PSR reduz o Seguro Rural quase pela metade e preocupa produtores, líderes cristãos e parlamentares sobre riscos climáticos e segurança alimentar
Um corte que expõe famílias e lavouras ao vento e à incerteza: produtores do Paraná atingidos por tornado enfrentam agora a perspectiva de perdas maiores porque o Seguro Rural teve seu orçamento reduzido — e a situação levanta dúvida sobre a prioridade dada à segurança alimentar no país.
O fato é simples e grave:, como alertou a Frente Parlamentar da Agropecuária, “O Seguro Rural entrou em colapso porque o governo decidiu cortar R$ 445 milhões do programa, quase metade do orçamento previsto, que era de aproximadamente R$ 900 milhões.” A declaração, publicada em Notícias e Opinião e assinada por Pedro Lupion, resume a causa imediata do problema: menos subsídio federal ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) significa apólices mais caras e produtores mais expostos.
O que aconteceu e por que o produtor foi deixado exposto
O PSR funciona como um alívio ao custo do seguro rural: “Essa tragédia é um exemplo claro da importância do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) para o setor produtivo.” Ao reduzir quase pela metade a verba prevista para 2024, o governo federal transferiu aos segurados parte do risco que antes era compartilhado pela União.
Na prática, as seguradoras reajustam preços ou restringem coberturas quando há menos subsídio. O resultado imediato relatado por representantes do setor é que a safra de verão ficou desprotegida, e produtores que contrataram seguro estão sendo cobrados com prêmios mais altos ou encontrando dificuldade para segurar suas lavouras.
Reações políticas e pedido de recomposição
Da bancada ruralista, a reação foi enérgica. Segundo o texto da FPA, “Nós, da FPA, solicitamos a recomposição imediata dos valores do PSR e a instituição de um calendário público de pagamento, capaz de oferecer previsibilidade ao sistema.” A Frente também afirmou que trabalhará para transformar o Seguro Rural em despesa obrigatória, a fim de impedir cortes futuros.
Além das medidas legislativas, parlamentares ligados ao setor propõem modernizar o PSR por meio do Projeto de Lei 2951/2024, da senadora Tereza Cristina, relatado pelo senador Jayme Campos, ambos membros da FPA, para aumentar a sustentabilidade do programa.
Contexto climático, segurança alimentar e impacto local
O Brasil segue vivendo episódios climáticos extremos que afetam produção, logística e renda de pequenas e médias propriedades. Profissionais do campo e líderes locais do Paraná relatam que eventos como tornados têm impacto concentrado sobre quem tem menor capacidade financeira de recuperação.
O Seguro Rural, conforme definido pela própria FPA, funciona como “a boia de salvação quando a agropecuária enfrenta eventos climáticos extremos”. Sem ele, perdas tornam-se irreversíveis para muitos produtores, com efeitos em cadeia sobre empregos no campo, economia regional e oferta de alimentos.
Uma leitura cristã: responsabilidade, solidariedade e previsibilidade
Para leitores que olham os acontecimentos à luz da fé, há duas lições claras. A primeira é sobre a responsabilidade coletiva em proteger quem trabalha na terra; a administração pública tem papel de guardião das condições mínimas para que famílias produzam e vivam com dignidade. A segunda é sobre a solidariedade entre cidadãos: quando políticas públicas falham, igrejas e comunidades podem intervir para ajudar, registrar necessidades e cobrar providências.
Na Bíblia, a chamada à boa administração e ao cuidado com o próximo aparece em passagens que lembram a importância de cuidar dos vulneráveis e de planejar. Essa perspectiva não visa politizar a fé, mas orientar a leitura ética do ocorrido: proteger quem planta é também proteger quem come.
Em nota pública, a FPA reforça que pretende acelerar as ações no Congresso e que o setor não abrirá mão de mecanismos que deem previsibilidade ao Seguro Rural. A reclamação sintetiza um receio mais amplo entre produtores e líderes comunitários: sem recomposição do PSR, o campo ficará mais frágil diante de futuras tragédias climáticas.
O desafio imediato é técnico e político: recompor o orçamento, estabelecer calendário de pagamentos e aprimorar o modelo do PSR por meio de legislação que torne o programa menos vulnerável a cortes discricionários. Para os produtores do Paraná e de outras regiões sensíveis a extremos climáticos, cada mês sem solução aumenta o risco de perdas irreparáveis.
Enquanto isso, a mobilização da sociedade — inclusive de lideranças cristãs que articulam ajuda e cobram justiça — será decisiva para que a proteção chegue ao campo e para que a palavra do cuidado se traduza em políticas públicas efetivas.

