Indicação de Jorge Messias ao STF acende protestos do Movimento Negro: marcha em Brasília e críticas por ‘racismo estrutural’ na Justiça

Movimento reprova indicação e convoca marcha: tensão sobre representatividade no Judiciário

Um dia simbólico virou estopim: a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, gerou forte reação de movimentos negros que enxergam na decisão mais um gesto de exclusão em um dia dedicado à memória da luta negra. A escolha ocorreu justamente na quinta-feira (20), data da consciência negra, e o grupo Mulheres Negras Decidem anunciou que promoverá uma marcha em Brasília na terça-feira (25) por “representação no Poder Judiciário”.

O que o movimento diz

Em nota pública, o coletivo e aliados — em uma publicação conjunta com o Instituto Papo Reto e outros influenciadores — qualificaram a indicação como expressão do racismo estrutural que atravessa o sistema de Justiça. Nas palavras do movimento: “No dia da consciência negra, mais um homem branco é indicado ao STF.

As críticas vieram acompanhadas de frases contundentes: “É mais uma porta fechada. Mais um gesto de desrespeito. Mais um capítulo do racismo estrutural que atravessa o sistema de Justiça brasileiro e a vida das mulheres negras“, escreveu o grupo. O documento também destaca que “pela 12ª vez desde a redemocratização, o Brasil deixa de reconhecer a legitimidade, a competência e a trajetória de juristas negras que há décadas constroem o Direito e a Justiça no país“.

Contexto e antecedentes da indicação

A pressão por uma mulher negra no Supremo vem desde a primeira vaga do atual mandato, quando foi indicado Cristiano Zanin. Depois surgiu Flávio Dino. Nesta terceira oportunidade, a cobrança se intensificou diante da possibilidade de uma nomeação que corrigisse a histórica sub-representação.

Entre os nomes cotados para a vaga, além de Jorge Messias, estavam o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. Segundo reportagem, “A Gazeta do Povo entrou em contato com Jorge Messias e com o Planalto e aguarda retorno para atualizar esta reportagem.”

Impactos práticos e repercussão política

O movimento chama atenção para um dado apontado publicamente: “o Supremo permanecerá com maioria masculina até 2043, mesmo que todas as próximas indicações sejam de mulheres” — uma crítica que pretende demonstrar que o problema da representatividade não é apenas sobre nomes, mas sobre estruturas e cronogramas institucionais.

Para atores políticos e sociais, a escolha de Messias tende a alimentar debates sobre trajetórias jurídicas, critérios de escolha e o compromisso do Executivo com a pluralidade. Do ponto de vista jurídico, opositores também afirmam que a atuação de Messias na AGU poderia indicar retrocessos em liberdades civis, opinião já veiculada em manchetes sobre a indicação.

Leitura cristã: justiça, representação e comunidade

Como jornalista cristão, é possível olhar para o episódio com inquietação pastoral e cívica. A Bíblia reafirma a urgência da justiça e da equidade: em Miqueias 6:8, o texto lembra que é chamado a “fazer justiça” e a “amar a misericórdia”. Essas referências não substituem o debate político, mas ajudam a orientar a consciência pública sobre a necessidade de decisões que promovam inclusão e dignidade para todos.

Ao mesmo tempo, a tradição cristã preocupa-se com o cuidado com os marginalizados e com a defesa da verdade no âmbito público. Perguntas legítimas emergem sobre como instituições que demandam legitimidade também devem refletir a diversidade do povo que servem.

Próximos passos e o que observar

O movimento Mulheres Negras Decidem já anunciou a marcha “por representação no Poder Judiciário, por mais de nós, e por uma Presidência da República que não nos despreze e nos escute.” O ato está previsto para esta terça-feira (25). A expectativa é que a mobilização pressione pela ampliação do debate público sobre representatividade no STF e sobre critérios de indicação.

No plano institucional, vale acompanhar se haverão manifestações de outras organizações da sociedade civil, posicionamentos de entidades da magistratura e respostas formais do Planalto e do indicado. A tensão entre apelos por reparação histórica e escolhas político-institucionais promete marcar a agenda pública das próximas semanas.

Em resumo, a indicação de Jorge Messias ao STF acendeu uma disputa que mistura direito, política e demandas por reconhecimento. Para muitos, trata-se de uma oportunidade para repensar mecanismos de representatividade; para outros, é a continuidade de um processo de escolha institucional. A marcha em Brasília será um termômetro das pressões sociais que acompanham essa decisão.

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