Gilmar Mendes suspende ação contra Gladson Cameli por 15 dias no STJ — julgamento adiado para 3 de dezembro após pedido de acesso a relatórios do Coaf

Decisão adia julgamento e reabre debate sobre transparência e poder no Acre

Um adiamento que aumenta a incerteza: a suspensão por 15 dias do processo contra o governador do Acre, Gladson Cameli, decidiu ontem o rumo imediato de uma ação penal que pode culminar na cassação do chefe do Executivo estadual. A decisão, assinada pelo ministro Gilmar Mendes, põe em suspenso a sessão prevista no Superior Tribunal de Justiça, enquanto a defesa busca acesso a documentos cruciais.

A decisão é desta segunda-feira (17), no âmbito de um habeas corpus protocolado pela defesa de Gladson. Com isso, o STJ passou o processo para a sessão do dia 3 de dezembro. Os advogados alegam que não tiveram acesso a informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) necessárias para a defesa do cliente. Gilmar, então, determinou a suspensão, para que a defesa obtivesse acesso aos relatórios. A relatoria é da ministra Nancy Andrighi. O ministro Humberto Martins se declarou impedido de votar, por motivos de “foro íntimo“.

O que está em jogo no processo

Gladson Cameli é acusado de fraude em licitação, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na peça que recebeu o inquérito, os denunciantes afirmam que “a suposta organização criminosa denunciada é composta pelos núcleos político, familiar, empresarial e operacional e funciona, em tese, com o objetivo de viabilizar o possível desvio de grande soma de recursos públicos.” A acusação descreve, em síntese, a solicitação de vantagem indevida para direcionar contratações públicas — acusações graves que, se confirmadas, têm consequência direta sobre a continuidade do mandato.

Argumentos da defesa e a força do habeas corpus

A defesa de Gladson aponta irregularidades processuais: apreensão ilegal de um celular, alegada violação de domicílio por autoridades e, centralmente neste habeas corpus, a “falta de acesso a provas” que estariam sob controle do Coaf. Um dos advogados do governador é o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, figura conhecida por sua atuação em casos de grande repercussão política.

Segundo a defesa, este pedido de habeas corpus foi protocolado no dia 4 de novembro, e originalmente o julgamento no STJ ocorreria nesta quarta-feira (19). Gilmar assumiu o processo na última quarta-feira (12). Antes, a relatoria estava com Cármen Lúcia, mas a distribuição não ocorreu por sorteio, sendo feita por prevenção em razão de habeas corpus anteriores impetrados pelo governador.

Contexto político e implicações para o Acre

O adiamento de 15 dias significa mais tempo para a defesa requisitar e analisar relatórios do Coaf, mas também prolonga a suspensão de decisões sobre a continuidade do mandato de um governador em exercício. Para a população do Acre, isso gera ansiedade sobre a estabilidade administrativa e sobre a responsabilização em casos de suspeita de corrupção.

No plano político nacional, episódios como este expõem o papel das cortes superiores e a interação entre estratégia de defesa e procedimentos de investigação. A declaração de impedimento de Humberto Martins por “foro íntimo” também chama atenção para questões de parcialidade e governança institucional.

Leitura cristã: justiça, transparência e responsabilidade

Como jornalismo cristão, seguimos atentos à busca por transparência e justiça — valores centrais também na tradição bíblica. Em linguagem breve e direta, lembramos Provérbios 21:3: “Fazer o que é justo e certo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício“. Essa referência nos convida a exigir processos claros e informações acessíveis, sem que a fé sirva para encobrir falhas institucionais.

Ao mesmo tempo, a comunidade cristã é chamada a orar por discernimento e pela proteção das instituições, para que a verdade venha à luz e que haja responsabilização quando necessário. A decisão de Gilmar Mendes concede tempo para que a defesa acesso evidências do Coaf; cabe agora ao Judiciário e às partes agir para que esse período sirva à verdade e não a manobras protelatórias.

O caso segue para sessão do STJ em 3 de dezembro. Até lá, o Brasil e, em especial, os cidadãos do Acre devem acompanhar com atenção, pedindo que as decisões sejam tomadas com base em provas, transparência e respeito ao devido processo legal.

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