Filho de El Chapo, Joaquín Guzmán López, se declara culpado nos EUA; acordo prevê cooperação e pode reduzir pena

Um dos filhos de Joaquín “El Chapo” Guzmán afirmou culpa em tribunal federal em Chicago, em um caso que pode reduzir uma pena que, sem acordo, poderia ser perpétua.

O que aconteceu

Em audiência nesta segunda-feira, o réu, identificado nos documentos como Joaquín Guzmán López, de 39 anos, admitiu participação em crimes ligados à organização conhecida como Cartel de Sinaloa. Segundo o acordo de culpabilidade consultado pela AFP, ele enfrenta ao menos dez anos de prisão pela acusação relacionada à organização criminosa.

A acusação principal por tráfico de drogas, que poderia levar à prisão perpétua, ficará sujeita à avaliação do juiz dependendo do nível de colaboração. No documento, Guzmán López se comprometeu a cooperar “de forma plena e sincera” com a Justiça americana, fornecendo informações e depoimentos completos.

Detalhes do acordo e confissão

Durante a audiência, ao ser questionado pela juíza Sharon Johnson Coleman sobre como ganhava a vida, Guzmán López respondeu com franqueza: “Tráfico de drogas”, relato que, segundo o Chicago Tribune, provocou risos na sala.

O acordo também inclui admissão de um episódio de sequestro: um ano e quatro meses após sua prisão no Texas, Guzmán López reconheceu que sequestrou Ismael “El Mayo” Zambada — cofundador do Cartel de Sinaloa — após fingir precisar de ajuda para resolver uma disputa. Na ocasião, cúmplices algemaram Zambada, colocaram um saco em sua cabeça e o levaram até o aeródromo de onde partiu o avião para os Estados Unidos. O réu afirmou ter agido “na esperança” de obter indulgência do governo americano; os Estados Unidos negaram qualquer participação no plano.

O contexto familiar e criminal

O caso integra uma trama maior: os irmãos Guzmán — incluindo Ovidio Guzmán López, que foi extraditado do México em 2023 e já havia se declarado culpado em julho em Nova York — são acusados, junto com Archivaldo e Jesús Guzmán Salazar, de assumir atividades do antigo líder Joaquín “El Chapo” Guzmán. “El Chapo”, hoje com 68 anos, cumpre prisão perpétua em presídio de segurança máxima no Colorado desde 2019.

As autoridades americanas e mexicanas dizem que, à frente de uma facção chamada “Los Chapitos”, os filhos de El Chapo introduziram cocaína, metanfetamina, maconha e, especialmente, fentanil nos Estados Unidos, droga sintética ligada a dezenas de milhares de mortes por overdose nos últimos anos.

Procuradores americanos, segundo o Chicago Tribune, afirmaram que, em troca de cooperação contínua, a promotoria pedirá ao juiz uma pena inferior à prisão perpétua. O procurador federal adjunto Andrew Erskine foi citado indicando que a colaboração será fator para reduzir a pena máxima prevista.

Impacto e violência no México

As disputas internas pelo controle do Cartel de Sinaloa elevaram o nível de violência: dados oficiais citados no processo apontam que os confrontos deixaram cerca de 1.200 mortos e quase 1.400 desaparecidos no México. Além disso, a denúncia de abril de 2024 acusa os irmãos de transportar toneladas de cocaína pela América Central e do Sul para os EUA, subornar funcionários, cometer homicídios, sequestros e agressões.

O caso de Guzmán López também se conecta ao maior problema público que atravessa as relações entre Estados Unidos e México: o tráfico de fentanil, que agrava a crise de saúde pública e aumenta a pressão por cooperação bilateral no combate às redes criminosas.

O acordo de cooperação não significa automaticamente redução de pena. Caberá ao juiz avaliar a extensão e a utilidade das informações prestadas. A pena mínima de dez anos pela acusação de organização criminosa permanece como referência estabelecida no acordo consultado pela AFP.

É importante lembrar que, após suas prisões, as lideranças implicadas seguem sendo julgadas separadamente: Ismael Zambada, que afirmou ter 75 anos, também se declarou culpado de narcotráfico em agosto, mas isso não garante que não cumpra pena de prisão perpétua, como ocorre com El Chapo.

Para a sociedade civil e para os cristãos engajados com a causa da paz, o caso levanta dilemas sobre justiça e reconciliação. A Bíblia traz orientações sobre autoridade e responsabilidade: em Romanos 13:1 lemos que as autoridades são estabelecidas para manter a ordem — um princípio que lembra a necessidade de responsabilização dos crimes, mesmo quando a cooperação com a Justiça pode reduzir penas em troca de informações que evitem violência e protejam vidas.

Enquanto o processo segue, a expectativa é que a colaboração de Guzmán López auxilie as investigações sobre redes de tráfico e, possivelmente, impeça novas ondas de violência. Ao mesmo tempo, familiares de vítimas, autoridades e a opinião pública aguardam resultados concretos que tragam clareza e justiça.

Reportagem baseada em documentos do acordo de culpabilidade e em relatos da AFP e do Chicago Tribune.

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