Desgaste do governo Lula cresce com IBC‑Br -0,9%, Selic a 15% e 80% das famílias endividadas às vésperas de 2026

Queda da atividade, recordes de endividamento e falhas na COP30 ampliam críticas ao governo Lula antes do ano eleitoral

O temor de uma piora econômica e sinais políticos negativos elevaram a tensão sobre o governo às vésperas do ano eleitoral.

Dados recentes e a leitura econômica

Em 17 de novembro o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC‑Br), prévia do PIB, que mostrou recuo de 0,9% no terceiro trimestre. Para a equipe econômica, parte do resultado reflete a taxa básica de juros em 15% ao ano — o maior patamar desde 2006 —, que freia consumo e investimento.

Ao mesmo tempo, indicadores sociais e do mercado de trabalho aumentam a preocupação: levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que, em outubro, 80% das famílias tinham algum tipo de dívida; 30,5% estavam com contas em atraso e 13,2% disseram não ter condições de pagar.

O Ministério do Trabalho registrou a criação de 85,1 mil vagas formais em outubro, queda de 35% ante as 131,6 mil vagas de outubro de 2024 — o pior desempenho para o mês desde 2020. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também sinalizou arrefecimento, com o índice de expectativa de demanda caindo de 52,5 para 51,3 pontos em novembro, e indicadores de emprego industrial e exportações marcando 49,1 e 48 pontos, respectivamente.

Impacto político: segurança, COP30 e investigações

O cenário econômico chega em um momento de vulnerabilidade política. A megaoperação policial no Rio de Janeiro, em 28 de outubro, impulsionou o debate sobre segurança pública e deslocou prioridades na opinião pública.

A realização da Cúpula do Clima (COP30), em Belém, teve problemas de organização — inclusive um incêndio em um pavilhão em 20 de novembro — e foi questionada por parlamentares e imprensa internacional. O Executivo desembolsou ao menos R$ 787,2 milhões com o evento, conforme apurado.

Paralelamente, a nova fase da Operação Sem Desconto da Polícia Federal, com prisões ligadas a fraudes bilionárias no INSS — entre elas do ex‑presidente do órgão Alessandro Stefanutto — e cumprimento de mandados em 15 estados, deu sobrevida aos trabalhos da CPMI do INSS, comandada pela oposição.

Reação nas pesquisas e avaliações de especialistas

Pesquisas recentes registraram queda ou estagnação na aprovação do governo. Levantamentos da Quaest e do Paraná Pesquisas apontaram avanço da desaprovação: a Quaest mostrou 50% de desaprovação contra 47% de aprovação, enquanto o Paraná registrou 50,9% de desaprovação e 45,9% de aprovação.

Juan Carlos Arruda, do Ranking dos Políticos, alerta que “Se as dificuldades econômicas persistirem, assim como a percepção de ineficiência ou mais episódios como a reação à operação no Rio de Janeiro, o cenário atual pode se agravar”.

O professor Antônio Flávio Testa avalia que a reação do governo às más notícias não teve êxito: “A população do estado e do país aplaudiu a megaoperação. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tentou assumir o controle, mas também não conseguiu”. Testa também aponta riscos políticos adicionais, como especulações sobre o ministro da Fazenda Fernando Haddad deixar o cargo em abril para concorrer em 2026 e a pressão por manter políticas assistenciais para a baixa renda.

Análise: efeitos eleitorais e desafios imediatos

O quadro econômico e político projetam um ambiente mais adverso para o governo, que vinha se beneficiando de indicadores de inflação mais calmos e da narrativa de retomada. A combinação de juros altos, sinais de arrefecimento da demanda e recordes de inadimplência tende a reduzir o espaço fiscal e a capacidade de anúncios populistas de curto prazo.

Do ponto de vista eleitoral, a ascensão do tema segurança e o desgaste por eventos como a COP30 abrem espaço para o campo conservador, que já sinaliza recuperar discurso e eleitorado. Para especialistas, a estratégia de reeleição precisará ir além do contraste com adversários: será necessário apresentar entregas concretas e recuperar a confiança do eleitor moderado.

Além disso, o aperto nas contas das famílias e na indústria pode acelerar pedidos por medidas de alívio fiscal ou programas de transferência, pressionando o Orçamento e o diálogo com o Congresso e o Judiciário.

O horizonte imediato exige respostas críveis na economia e maior coordenação na agenda de segurança pública e eventos oficiais, ou o desgaste observado nas pesquisas tende a se aprofundar.

Como lembrete breve e sem profetismo, a tradição cristã evoca a importância da liderança responsável: Provérbios 11:14 afirma que “onde não há conselho, o povo cai”; é um chamado à prudência e ao diálogo em momentos de crise.

O que acompanhar nos próximos meses: indicadores de atividade e emprego, evolução da inadimplência, decisões sobre juros e eventuais mudanças na equipe econômica, desdobramentos da CPMI do INSS e a recepção pública das medidas de segurança anunciadas. Esses elementos definirão se o desgaste atual será temporário ou se se transformará em tendência até 2026.

Em resumo, o governo enfrenta uma confluência de sinais econômicos e políticos adversos que elevam a incerteza eleitoral. A resposta oficial e a capacidade de traduzir medidas em resultados tangíveis serão determinantes para reconquistar eleitores moderados e frear a escalada de desaprovação.

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