Karl Bushby, 56, ex-paraquedista do Exército Britânico, afirma ter conseguido dar a volta ao mundo a pé após 27 anos de estrada na Expedição Golias, um projeto de caminhada ininterrupta.
No presente, ele está na Hungria, faltam cerca de 1.500 km até Hull, Inglaterra, onde pretende encerrar a rota pessoal, mantendo a regra de não usar transporte motorizado em nenhum trecho.
A jornada soma 49.900 km por 25 países desde 1998, quando partiu de Punta Arenas, Chile, prevendo 12 anos de viagem. As informações são de entrevista a um jornal europeu e divulgação nas redes sociais do explorador.
Reta final e propósito após 27 anos
Na reta final, Bushby avalia o impacto do feito e o ajuste ao pós-viagem. Ele resume a rotina, acordar e seguir caminhando, e admite que a mudança de ritmo será um desafio pessoal e emocional nos próximos meses.
“Nos últimos 27 anos da minha vida, meu propósito foi me levantar e seguir em frente, e isso vai parar abruptamente”. “É difícil se adaptar e obviamente será assim”.
Ele reforça que pretende concluir o trajeto chegando a Hull a pé, encontro aguardado pela mãe, e manter a integridade das regras da Expedição Golias até o último quilômetro.
Como tudo começou
A ideia nasceu em uma conversa entre amigos quando estava na casa dos 20. “O plano era fazer algo extraordinário”, disse, em memória do início, quando o desafio passou do sonho para o planejamento concreto.
“De repente, virou um desafio”. “Aquela conversa ganhou força, até que finalmente fiz as costas e pensei: isso é possível. Fiquei meio obcecado com isso.”
Em 1998, aos 29, partiu de Punta Arenas com mapas de papel, lápis e calculadora. O plano previa 12 anos, mas o cronograma se estendeu por quase três décadas de caminhada contínua.
Regras da Expedição Golias e obstáculos
A regra central sempre foi clara, avançar sem motores e sem atalhos. “Não posso usar transporte para avançar e não posso voltar para casa até chegar a pé. Se eu ficar preso em algum lugar, tenho que dar um jeito”.
O percurso encarou vistos negados, barreiras políticas e a pandemia de Covid-19. As pausas forçadas alongaram o projeto, mas ele manteve a meta de dar a volta ao mundo a pé de forma ininterrupta.
A disciplina logístico-financeira foi crucial. Entre custos e replanejamentos, ele preservou o traçado terrestre, um diferencial que sustenta a ambição de circunavegação a pé.
Terrenos extremos, encontros e aprendizados
O roteiro incluiu Patagônia, Cordilheira dos Andes, América Central e México, com desertos, selvas e até zonas de guerra. A resiliência em ambiente hostil moldou cada etapa da travessia.
Apesar da solidão da estrada, ele relata acolhimento. “Noventa e nove por cento das pessoas que conheci foram melhores da humanidade”. “O mundo é um lugar muito mais gentil e agradável do que costuma parecer”.
Ao se aproximar de Hull, a meta é fechar a jornada onde deseja celebrá-la. Para Bushby, dar a volta ao mundo a pé foi também um retrato do que chama de gentileza real nas rotas menos óbvias.

