Cerco a My Family Cinema e BTV: operações na Argentina e Brasil derrubam 558 serviços piratas e sobressaem riscos

Investigação conjunta entre Argentina e Brasil deixou 558 serviços de streaming pirata fora do ar e expôs fragilidades para quem usa TV boxes.

My Family Cinema e BTV: Argentina e Brasil derrubam 558 serviços e expõem risco para assinantes

Nos últimos dias, operações policiais e administrativas na Argentina e no Brasil interromperam o funcionamento de centenas de plataformas que distribuíam conteúdo sem autorização. Ao todo, 558 serviços foram tirados do ar desde quinta-feira (27), número que resume um esforço regional contra a pirataria audiovisual.

O que aconteceu

Na Argentina, a segunda fase da investigação do departamento de crimes cibernéticos do Ministério Público Fiscal de Buenos Aires derrubou 22 aplicativos no domingo (30), entre eles o BTV e o Red Play. Essa etapa sucede uma ação de novembro que já havia retirado do ar outros 14 apps, incluindo o My Family Cinema e o TV Express.

No Brasil, a oitava fase da Operação 404 — coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública desde 2019 — bloqueou 535 sites e 1 aplicativo de streaming. Foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão, emitidas 4 ordens de prisão preventiva e realizadas 3 prisões em flagrante, com o objetivo de atingir estruturas de financiamento dos serviços ilegais.

Dados e alcance

Segundo a denúncia apresentada pela Alianza, associação de empresas contra pirataria audiovisual, os aplicativos investigados chegaram a reunir mais de 6,2 milhões de assinantes ativos, dos quais 4,6 milhões estariam no Brasil. Cada usuário teria pago até US$ 5 por mês, contribuindo para um faturamento anual estimado em mais de US$ 150 milhões.

As autoridades também apontam que as operações identificaram escritórios na Argentina que funcionavam como frentes comerciais — com marketing, vendas e até recursos humanos para cerca de 100 funcionários — enquanto a infraestrutura técnica estava hospedada na China, o que atrasou a interrupção completa dos serviços.

Por que importa agora

Essas ações mostram um movimento coordenado entre polícias civis de 15 estados brasileiros, Anatel, Ancine e autoridades internacionais (Argentina, Equador, Peru e Reino Unido) para desmantelar um mercado que se sofisticou e cresceu nos últimos anos. Nas fases anteriores da Operação 404, mais de 3 mil sites ou apps já haviam sido bloqueados.

O impacto é imediato sobre assinantes que pagaram por serviços agora inacessíveis: muitos recorreram a canais de reclamação, mas órgãos de defesa do consumidor e telecomunicações alertam para limites práticos de reparação nesses casos.

Riscos e direitos dos usuários

Procon-SP afirmou ao g1 que o consumidor que adquire um serviço ou equipamento sabendo tratar-se de irregularidade pode abdicar de seus direitos, porque a empresa fornecedora pode não estar formalmente constituída ou regularizada, dificultando ações de reparação. A Anatel orienta que só sejam usados aparelhos homologados por ela, consultando o filtro “Smart TV Box” na lista de produtos autorizados.

Além da perda financeira, TV boxes não homologadas e serviços piratas representam risco à segurança digital: podem facilitar invasões, interferir em outros aparelhos e prejudicar a privacidade do usuário.

O que fazer agora

Especialistas e autoridades recomendam que consumidores verifiquem a homologação do equipamento na Anatel, prefiram plataformas oficiais e guardem comprovantes de compra. Em casos de prejuízo, a tentativa de reclamação via Procon é possível, mas com chances reduzidas quando o usuário tinha ciência da irregularidade.

Para o setor audiovisual e as empresas legítimas, as operações reforçam a necessidade de cooperação internacional e tecnologia de combate à pirataria, bem como ações preventivas de educação do público sobre riscos e legalidade.

Breve conexão bíblica: a experiência sugere um chamado à responsabilidade: “O Senhor detesta balanças desonestas” (Provérbios 11:1), lembrando que a busca por vantagem ilícita costuma causar dano coletivo.

Em resumo, a retirada de serviços como My Family Cinema e BTV e o bloqueio em massa mostram que o cerco à pirataria ganhou nova intensidade — afetando milhões, exigindo respostas coordenadas e lembrando consumidores e igrejas da importância da legalidade e da honestidade no consumo cultural.

Rolar para cima