Banco Central aprova Nelson Souza como presidente do BRB; nova direção assume após investigação que envolve até R$13 bilhões

Nelson Souza assume o BRB após aval do BC: compromisso com ‘choque de gestão’ e preservação da solidez para mais de 5 mil empregados

A aprovação pela autoridade reguladora abriu uma janela de tensão e expectativa sobre o futuro do banco público do Distrito Federal.

O que aconteceu

O Banco Central do Brasil aprovou, nesta quarta-feira (26), a indicação de Nelson Antônio de Souza — hoje vice-presidente da Elo — para o cargo de presidente do Banco de Brasília (BRB). A nomeação foi feita pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e passa a vigorar imediatamente.

Nelson Souza já ocupou cargos de destaque no sistema financeiro público: foi presidente da Caixa Econômica Federal durante o governo Michel Temer (MDB) e comandou o Banco do Nordeste (BNB) na gestão de Dilma Rousseff (PT).

Logo após a decisão do BC, Nelson divulgou nota em que afirma: “Meu compromisso é defender o BRB e trabalhar junto com os mais de cinco mil empregados do Conglomerado BRB para fazer com que a instituição siga sendo forte, sólida e que dê ainda mais orgulho à população de Brasília. Faremos um choque de gestão, em parceria com os órgãos de controle, sempre observando a legislação.”

Contexto e razão da mudança

A vaga no comando do BRB ficou aberta depois do afastamento judicial de Paulo Henrique Costa, no âmbito da Operação Compliance Zero, que apura supostas fraudes envolvendo o Banco Master. Segundo investigações da Polícia Federal, operações fraudulentas relacionadas ao Banco Master teriam impacto que pode chegar a R$13 bilhões.

Na sequência das apurações, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. A Polícia Federal prendeu o dono do banco, Daniel Vorcaro, no aeroporto de Guarulhos: ele tinha passagem marcada para Dubai e foi interceptado pela PF. A defesa afirma que a viagem era a trabalho e nega intenção de fuga.

Em nota oficial emitida logo após as diligências, o BRB afirmou:

“O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.

O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (18). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.

A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional.”

Análise breve

A nomeação de Nelson Souza tem efeitos práticos e simbólicos. Praticamente, cabe ao novo presidente estabilizar operações, assegurar o fluxo de serviços e tranquilizar clientes e mercados locais. Simbolicamente, a escolha de um executivo com passagens por grandes bancos públicos sinaliza intenção de experiência técnica para lidar com a crise.

O desafio imediato é conciliar rapidez administrativa com transparência e controle. A referência a um “choque de gestão” na nota de Nelson reforça a expectativa por mudanças operacionais, mas também aumenta a responsabilidade sobre auditorias internas, governança e cooperação com órgãos de controle.

Politicamente, a indicação permite ao governo distrital demonstrar resposta rápida à investigação que abalou a instituição. Ao mesmo tempo, traz à tona debates sobre responsabilidade institucional e a necessidade de clareza nas operações que envolveram o Banco Master.

Riscos e cenários

Se as investigações confirmarem irregularidades de grande monta, as consequências podem exceder impactos contábeis: estarão em jogo confiança pública, estabilidade financeira regional e a percepção sobre controles em bancos públicos. Para empregados e correntistas, a prioridade será a manutenção dos serviços e a proteção dos depósitos.

Por outro lado, uma transição firme e transparente pode reduzir efeitos reputacionais e financeiros. A experiência de Nelson Souza em bancos estatais e o diálogo com órgãos reguladores serão monitorados de perto por credores, auditores e pela sociedade.

Em termos institucionais, o episódio reforça a importância de controles robustos e de mecanismos que garantam a responsabilização sem paralisar operações essenciais à população.

Uma referência breve de fé ajuda a colocar a dimensão ética em perspectiva: na tradição cristã, a integridade é um princípio orientador para líderes públicos e privados — um lembrete para que decisões administrativas priorizem o bem comum.

O próximo capítulo dependerá da atuação coordenada entre a nova direção do BRB, o Banco Central, o Ministério Público e a Polícia Federal. Enquanto isso, a gestão terá de equilibrar ações imediatas para preservar operações com investigações que podem revelar novos desdobramentos.

O que resta claro é que a direção do BRB passa por momento de testes: haverá pressão por resultados rápidos, demanda por transparência e necessidade de proteger clientes e servidores. A sociedade e os órgãos de controle terão papel decisivo na fiscalização desse processo de transição.

Rolar para cima